Equinas correntes rasgam carnes,
Tentáculos irrompem vísceras sem dor,
Lanças trespassam minha pele,
No húmus transborda a cor.
Acolhem-no ânforas repletas,
Pálidas como a pele que dilaceras,
As Medusas me sugam o tutano,
Discorre nas fímbrias de heras.
Liberto a seiva, solto farpas,
Pontas que outros ferem de mordazes
Quimeras de dor e júbilo laças,
Em arsenais são tenazes.
Inflamam lastros sem pavio,
Os restos que a podridão apregoa,
Cai o Rei, erige perene súbdito,
Corta a cabeça, mas resta a coroa.
Jaz curvado teu ente,
Em memórias de coração descrente,
Na imensidão defunta, a calma
Foi-se a luz mas fica a alma.
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