segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Necessidade

Preciso viver,
Preciso ter,
Preciso ver,
Preciso ser.
Tenho fome,
Tenho sede,
Tenho vontade,
Tenho liberdade.
Quero sol,
Quero rua,
Quero noite,
Quero lua.
Peço fogo,
Peço ar,
Peço água,
Peço mar.
Fujo à dor,
Fujo à torpeza,
Fujo à fealdade,
Fujo à tristeza.
Renego a existência,
Renego a ignorância,
Renego a ausência,
Renego a constância.
Aprendo a ler,
Aprendo a saber,
Aprendo a sentir,
Aprendo a sofrer.
Sinto-me distante,
Sinto-me fugaz,
Sinto-me errante
Sinto-me quem jaz.
Como me encontro?
Quem me procura?
Como revivo?
Quem é a cura?
Não sei quem sou,
Não sei quem serei,
Não sei quem fui,
Não sei onde errei.
Vejo a preto,
O mundo de cor,
Cego pela raiva,
Mudo em clamor.
Solto os nós,
Correntes que envolvem,
Rasgo os ideais,
Vermes que me consomem.
Da vontade irei fugir,
Esquecer o que não vi,
Deixarei de precisar,
Pois só preciso de ti.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Perene

Equinas correntes rasgam carnes,
Tentáculos irrompem vísceras sem dor,
Lanças trespassam minha pele,
No húmus transborda a cor.

Acolhem-no ânforas repletas,
Pálidas como a pele que dilaceras,
As Medusas me sugam o tutano,
Discorre nas fímbrias de heras.

Liberto a seiva, solto farpas,
Pontas que outros ferem de mordazes
Quimeras de dor e júbilo laças,
Em arsenais são tenazes.

Inflamam lastros sem pavio,
Os restos que a podridão apregoa,
Cai o Rei, erige perene súbdito,
Corta a cabeça, mas resta a coroa.

Jaz curvado teu ente,
Em memórias de coração descrente,
Na imensidão defunta, a calma
Foi-se a luz mas fica a alma.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sublime

Vejo o tempo que sinto,
Como cordas a tilintar,
Em uma voz de sereia,
Fonemas de frustre encantar.

Percorrem-me os óstios que emanam
Sibilos de tanto desejar,
As plumas e névoa palmilham,
Tua forma de arauto estrelar.

Irados percursos trauteiam,
Quem de ti não pode privar,
A ganância que todos consome,
Por ténue sorriso vislumbrar.

Como ouro no escuro cintila,
Ao ignorante e ingénuo olhar,
Meus olhos de pedra evaporam,
À sã magia sublime(ar).

domingo, 4 de julho de 2010

O fim...

Findou um passado,
Que no presente nos amola,
Em amarras nos enlaça,
Em teias nos enrola,
De tentáculos cáusticos,
A alegria nos consome,
Queremos aparta-lo,
Contrariando nos envolve,
Constringe nosso peito,
Como réptil esfomeado,
Queria sentir meu coração pulsar,
Não consigo, fui esventrado.